Escolher e beber vinhos em situações corporativas requer alguns cuidados, mas pode auxiliar a sua carreira
Sílvia Mascella Rosa em 26 de Julho de 2019 às 14:30
Revista Adega UOL
As relações de trabalho vem se modificando nos últimos tempos. Muitas pessoas têm escritórios em casa e trabalham remotamente. Empresas oferecem a possibilidade de horários flexíveis e a terceirização de serviços é realidade em todos os setores. No entanto, nesse cenário que dá impressão de informalidade, os funcionários e prestadores de serviços precisam estar preparados para serem avaliados nas situações em que seus superiores estarão presentes. E uma das que podem causar maior embaraço é aquela na qual os vinhos estão envolvidos.
Cuidado e coerência
Antes de mais nada, esteja ciente de que o consumo excessivo de bebida alcoólica pode expor não apenas você, como seus colegas, a vários riscos, e que as leis brasileiras não admitem o consumo de nenhuma quantidade de álcool para quem vai dirigir depois. Então, se estiver com o carro da empresa e com algum colega de trabalho como seu carona, não beba.
Isso posto, falando em vinhos, é importante considerar que conhecer um pouco sobre o assunto pode não ser um requisito obrigatório em seu currículo, mas pode ser sim um diferencial importante em sua carreira.
Assim, se for trabalhar em uma empresa onde o vinho é uma constante na mesa da chefia, considere fazer um curso rápido para se sentir mais à vontade. Ler sobre o assunto e degustar alguns vinhos em suas horas de lazer também vão ajudar.
Nas situações corporativas considere que beber com coerência pode ser traduzido em duas taças para homens (cada uma com 150 ml) e uma taça e meia para mulheres, acompanhando uma refeição. Isso está dentro do aceitável. Não exagerar é uma das regras de ouro da etiqueta corporativa, pois, mesmo que a situação pareça menos formal, um chefe atento pode estar avaliando seu comportamento exatamente no momento em que você relaxou, por conta de uma dose a mais de álcool.
Pense que sua vida profissional continuará amanhã, e, principalmente, se você não puder beber ou não estiver disposto, diga-o sem medo. Nenhuma chefi a de bom senso poderá criticá-lo por isso.
Com a carta na mão
Evite escolher o vinho mais barato da carta, mas não precisa optar pelo mais caro. O ideal é encontrar um meio termo.
Acompanhar um cliente potencial, um chefe ou até mesmo levar um grupo que você coordena a um restaurante, pode ser complicado se a carta de vinhos o intimidar.
Comece conhecendo o local previamente, assim, se for viável vá a algum lugar que você já frequenta. Se isso não for possível, informe-se sobre o tipo de culinária, a carta de vinhos e a presença ou não de um sommelier. Quase todos os bons restaurantes têm essas informações disponíveis na internet e uma pesquisa de cinco minutos pode fazer diferença.
A vantagem de ir a um local conhecido é óbvia, você estará mais à vontade para fazer os pedidos. Mas se estiver indo pela primeira vez, faça escolhas simples e eficazes, assim você mostrará aos outros que está à vontade nessa situação. Por exemplo, evite escolher o vinho mais barato da carta e – salvo raras ocasiões nas quais o orçamento permite, e a companhia irá aproveitar esse privilégio – o mais caro também. A implicação é óbvia: você não quer aparentar que não quer gastar muito e também não quer parecer que está esbanjando dinheiro da empresa.
Leve em consideração as pessoas na mesa, se houver mais mulheres do que homens, espumantes podem ser uma escolha mais fácil e, obviamente, é a escolha acertada se o motivo da refeição for celebrar alguma conquista de trabalho. Os espumantes, também, são uma boa opção nos restaurantes de comida asiática, como japoneses, chineses e tailandeses.
Nas churrascarias, os tintos vão prevalecer, mas tente certificar-se de que os vinhos não são os de maior teor alcoólico. Facilmente os rótulos sugeridos para acompanhar carnes, como os das uvas Malbec e os Cabernet Sauvignondo Novo Mundo, podem ter 14 ou 15 graus de álcool e a gordura das carnes “suaviza” seu consumo fazendo com que se beba ainda mais. Portanto, tente fazer escolhas mais leves.
Nos restaurantes de culinárias internacionais, como italianos, franceses ou portugueses, será mais fácil não errar escolhendo vinhos dos mesmos países. Se ainda assim você tiver dúvidas, consulte o sommelier, inclusive mostrando discretamente na carta qual o valor mais alto que você se dispõe a pagar. Ele vai entender e auxiliar.
Convidado ou anfitrião
Se você for convidar, prefira um restaurante onde se sinta à vontade e, de preferência, que já tenha ido.
As refeições corporativas costumam ter objetivos muito mais sérios do que apenas o da alimentação. Servem para que os chefes observem seus funcionários, para deixar clientes mais à vontade, para celebrar e também para “lubrificar” as relações, como dizem os head hunters.
Em todos esses casos, o vinho deve ser um coadjuvante agradável e não o ator principal, pois essa situação é uma continuidade do ambiente de trabalho e uma escolha acertada vai mostrar que você tem outras competências além da empresarial.
Para quem viaja muito ao exterior, é importante se informar com antecedência sobre os costumes locais. Europeus bebem vinho durante o almoço de forma muito mais corriqueira do que brasileiros e americanos, que preferem deixar o vinho para o jantar. Assim, se estiver a trabalho na Europa e o vinho lhe provocar sonolência, beba um pouco para não ser deselegante, e não muito para não comprometer seu rendimento.
Nos países árabes ou mesmo na Índia, muitas pessoas não bebem por motivos religiosos, assim pedir um vinho em uma situação corporativa por lá poderá impactar negativamente para você.
Por fim, para quem tem a difícil missão de receber a chefia em sua própria casa, algumas dicas são muito importantes: não ofereça nenhuma comida ou bebida que você não tenha provado antes, assim a sua segurança será maior; sempre tenha mais uma garrafa do mesmo vinho, caso ele agrade bastante, e um outro completamente diferente caso o oposto também ocorra; ofereça suco de uva e água com gás como alternativa e, caso seu chefe lhe traga uma garrafa de presente, guarde-a e quando bebê-la vá até ele e agradeça novamente.
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